sábado, 10 de dezembro de 2011

Momentos


          Há momentos em que me pego a olhar e admirar o nada, sentado à varanda ou recostado sobre os travesseiros, simplesmente paro e observo, uma parede branca, as nuvens a percorrer o céu, o vazio ante meus olhos. Não há nada ali, apenas a vontade de parar e olhar, fixar o olhar como que estando hipnotizado por algo.

          Há momentos em que sinto a solidão tomando conta de mim, esse mesmo nada que me prendia a visão, aprisiona meu espírito, me coloca cara à cara com meus maiores medos e temores, nesses momentos sinto a necessidade de estar ao lado de alguém, compartilhando esse sentimento, esse vazio, essa tristeza.

          Há momentos em que o rubor enche o meu ser, calafrios e tremores se repetem em constância, um medo súbito surge seguido pelo palpitar frenético do coração, sinto ansiedade, frio e uma vontade incontrolável de desaparecer. Nesses momentos queria ter coragem para, sem olhar para trás, enfrentar tudo e todos impondo minhas idéias.

          Há momentos em que caminho simplesmente por caminhar, minhas pernas, meus músculos me impulsionam para frente, meu corpo deixa de obedecer minha consciência e passa a ser movido por uma força maior que extravasa de dentro de mim, uma força que me conduz sem rumo, apenas pelo gosto de caminhar, de sentir a brisa no rosto, o arfar do cansaço que nos força a respirar mais e mais profundamente sentindo todos os aromas e odores da natureza.

          Há momentos em que sinto angustia, vontade de abandonar tudo, largar tudo como esta, deixar esse mundo que nos apresenta as maiores incertezas, dores e sofrimentos, nesses momentos não há luz capaz de iluminar a vastidão de breu que permeia o cotidiano vivido, nesses momentos a dor é um consolo para se saber que ainda se esta vivo.

          Mas, há momentos em que as alegrias são tão grandes, que qualquer sentimento de dor, medo, tristeza e angustia se esvai, são esses momentos a serem festejados e relembrados, são esses momentos que deve se deixar marcar e manter vivos na memória, momentos de que a vida vale a pena e que viver é uma dádiva muito maior do que qualquer intempérie que o mundo nos prega.

          Há momentos de sorrir e momentos de chorar, momentos de pensar e momentos de fazer, momentos de ver e momentos de deixar ser visto, cada momento a seu tempo.

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