Há momentos em que me pego a olhar e admirar o nada, sentado à
varanda ou recostado sobre os travesseiros, simplesmente paro e observo, uma
parede branca, as nuvens a percorrer o céu, o vazio ante meus olhos. Não há
nada ali, apenas a vontade de parar e olhar, fixar o olhar como que estando
hipnotizado por algo.
Há momentos em que sinto a solidão tomando conta de mim,
esse mesmo nada que me prendia a visão, aprisiona meu espírito, me coloca cara
à cara com meus maiores medos e temores, nesses momentos sinto a necessidade de
estar ao lado de alguém, compartilhando esse sentimento, esse vazio, essa
tristeza.

Há momentos em que caminho simplesmente por caminhar, minhas
pernas, meus músculos me impulsionam para frente, meu corpo deixa de obedecer
minha consciência e passa a ser movido por uma força maior que extravasa de
dentro de mim, uma força que me conduz sem rumo, apenas pelo gosto de caminhar,
de sentir a brisa no rosto, o arfar do cansaço que nos força a respirar mais e
mais profundamente sentindo todos os aromas e odores da natureza.
Há momentos em que sinto angustia, vontade de abandonar
tudo, largar tudo como esta, deixar esse mundo que nos apresenta as maiores
incertezas, dores e sofrimentos, nesses momentos não há luz capaz de iluminar a
vastidão de breu que permeia o cotidiano vivido, nesses momentos a dor é um
consolo para se saber que ainda se esta vivo.
Mas, há momentos em que as alegrias são tão grandes, que
qualquer sentimento de dor, medo, tristeza e angustia se esvai, são esses
momentos a serem festejados e relembrados, são esses momentos que deve se
deixar marcar e manter vivos na memória, momentos de que a vida vale a pena e
que viver é uma dádiva muito maior do que qualquer intempérie que o mundo nos
prega.
Há momentos de sorrir e momentos de chorar, momentos de
pensar e momentos de fazer, momentos de ver e momentos de deixar ser visto,
cada momento a seu tempo.
*--*
ResponderExcluir